quinta-feira, 23 de abril de 2009

- IV -

Neste confronto entre modelos de Judiciário e de vida, preocupa-me a falta de posição do grosso da magistratura. A nota publicada pela Associação dos Magistrados Brasileiros, embora não tenha me surpreendido, pois, de onde não se espera nada daí é que não vem nada mesmo, é mais uma oportunidade perdida de pôr as coisas em pratos limpos (não pude evitar a referência), de pôr o preto no branco (sem nenhuma ironia).
Não se tratava de tomar partido do Ministro Joaquim Barbosa na discussão pessoal, mas de externar que a frase dita por ele, de que o Presidente do STF está a desacreditar o Judiciário, representa uma constatação da maioria dos magistrados e que sua gestão no CNJ justifica todos os maus presságios por ocasião da discussão da EC 45/2004, que instituiu Reforma do Judiciário e aquele órgão.

A nota, como redigida, era totalmente dispensável. Ao não se posicionar sobre as afirmações sérias do Ministro Joaquim e hipotecar confiança à “respectiva presidência” apenas chamou a atenção para a inconveniência da discussão naqueles termos e deu asa para o Imperador.
Por essas e por outras que não faço mais parte das associações dos magistrados. O que impele a AMB é uma incógnita para mim. E a estadual? Bom... Como clube social e distribuidora de produtos de informática é incriticável.

5 comentários:

  1. Para MEU boca braba!!!!


    "Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros".
    Che Guevara

    AS RAZÕES DO BOCA BRABA
    João de Almeida Neto

    (Tem gente que não entende
    Que o macho, quando é bem macho,
    Nem que o mundo venha abaixo
    Não dispara e não se rende
    Essa é a gente que se ofende
    Com o meu ar de liberdade
    É por inveja e maldade
    Das suas mentes macabra
    Batizam de Boca Braba
    Quem tem personalidade)

    (Me chamam de Boca Braba
    Não sabem me analisar
    De Gênio eu sou uma cachaça
    Mas de alma um guaraná
    Só não me péla com a unha
    Quem pretende me pelar
    E depois que eu fico brabo
    Não adianta me adular)

    (Eu sei que é em mim que deságua
    Quase que cento por cento
    De todo o ressentimento
    Dessa gente que tem mágoa
    É porque eu não bebo água
    Nas orelhas dessa gente
    Que adoram mostrar os dentes
    E por não terem fé no taco
    Vivem grudado no saco
    Dos políticos influentes)

    (Me chamam de boca braba
    Mas eu nem brabo não fico
    Não desfaço quem é pobre
    Nem adulo quem é rico
    Quando eu gosto, eu elogio
    Quando eu não gosto, eu critico
    E onde tem galo cantando
    Eu vou lá e quebro-lhe o bico)

    (O meu jeito?
    Ah, o meu jeito, conforme tenho dito
    Pra uns é muito bonito
    Pra outros é meu defeito
    Mas talves seja o meu jeito
    Que me troque de invernada
    Cada um tem sua estrada
    Seu lugar, seu parador
    A abelha gosta da flor
    A sarna, da cachorrada)

    (Me chamam de boca braba
    Essa gente tá enganada
    Eu tenho é boca de homem
    E tenho opinião formada
    Sei qual é a boca que explora
    Sei qual é a boca explorada
    E é melhor ser boca braba
    Que não ter boca pra nada!)

    ResponderExcluir
  2. Saúdo o corajoso magistrado que abre a boca para falar o que pensa. Que este blog faça sucesso e traga luz para quem procura!
    abraço,
    Pedro Abi-Eçab.

    ResponderExcluir
  3. Só não posso concordar com a exaltação ao nobre Min. Joaquim Barbosa, que me parece ter se excedido na sua fala. O descontrole não é mostra de sabedoria, muito pelo contrário. Na boca de um inepto, até o mais contudente argumento naufraga. Haviam muitas formas mais eficientes de expor irresignação do que com gestos tresloucados em rede nacional.

    ResponderExcluir
  4. Entrei para conhecer o blog, que aliás tem a cara e as palavras de seu dono. Posso até concordar que o Ministro Joaquim Barbosa se descontrolou, é indiscutível, até pelas imagens veiculadas a torto e à direito, mas não perdeu a razão. Mesmo porque os fatos que imputou à "Vossa Excelência" são incontroversos, não faltou com a verdade ou inventou fatos que não existem....está realmente na mídia...somente os expôs inconvenientemente, como de regra fazem os muito sinceros e indignados. Acredito que o episódio tenha sido só a "gota d'água"....o caldo entornou! É como diz o grande Chico Buarque: "deixe em paz meu coração que ele é um copo até aqui de mágoa e qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água". As atenções estão mais voltadas para a reação do Ministro Joaquim Barbosa que para as suas palavras e isso é lamentável, porque não se trata de um tresloucado raivoso e sim de um respeitável operador do direito, que, até onde sabemos (e nunca sabemos de tudo) tem vida reta e moral ilibada. Como ninguém nunca toca no assunto, dando a impressão que assim ele não existe, ele o fez.... tocou fundo na ferida...talvez não no melhor momento, da melhor forma, mas falou o que muitos de nós tínhamos vontade de questionar. Principalmente aqueles que estão aqui embaixo da pirâmide, dando o sangue, a juventude, as melhores horas da vida à justiça e ainda renunciando várias trivialidades para não só ser honesto, mas parecer honesto. Espero que esse episódio surta algum efeito prático.... Flávia

    ResponderExcluir
  5. Que a AMB se tornou mais uma instituição "chapa-branca" não se tinha dúvida. De fato, foi mais uma demonstração (e perda de oportunidade) de que "ela" sempre está em cima dos muros, por mais altos e sombrios que sejam. Seguindo o relator (do blog), melhor do que falar que 'as discussões não colaboraram para o aperfeiçoamento da Justiça e não fizeram jus à grandeza daquela Corte' ou que se 'reafirma sua confiança nas instituições democráticas, no Supremo Tribunal Federal e na sua respectiva presidência', era ter ficado calada, pois, até para ser "chapa-branca" deve-se dar nome aos bois. Se um órgão como tal, munido de sua representatividade, tem uma postura tão discreta, devo entender que essa postura é a (in)ação que se espera de nós, pequenos colaboradores. Neste sentido, comentarei o episódio de forma tão nebulosa quanto as citações postas acima. Em relação a verborragia que tomou conta de um ato litúrgico (sim, pois agora o Tribunal em questão quase se transmutou em sinônimo de Capela Sistina), é necessário que se observe quem, de fato, atirou a primeira pedra. O ocupante do trono de São Pedro sugeriu que o outro estava julgando por categoria o que, convenhamos, para qualquer juiz, é uma ofensa muito mais grave do que mencionar a hipotética, ou não, existência de guaxebas no rol de empregados. Enquanto um ofendeu o outro no campo profissional, no âmbito de sua jurisdição, o outro ofendeu a condução que o um dá a sua vida pessoal, supostamente. Não li nenhuma palavra que repudiasse o ataque inicial. Silêncio. grilos... Tribunais, Órgãos Legislativos, Colegiados em geral, são integrados por pessoas, de carne, osso e idéias, boas e ruíns. Pessoas é que são dotadas de responsabilidade, respeitabilidade, decoro ou ausência de. São essas qualidades e/ou defeitos que acabam transmitindo e criando a "imagem" de uma instituição e não o contrário. Partindo dessa premissa não se pode invocar o espírito de liturgia de uma entidade para livrá-la de todo mau, amém! São ações, trabalho e seriedade, os esforços que constroem um Estado Democrático de Direito e não instituições que, sem o homem, são vazias. Daí a importância em parar a preocupação com uma suposta defesa intransigente da magistratura e de suas instituições (essas pela maioria entendidas como seres abstratos), passando-se a defesa de magistrados intransigentes com o que é vil e hediondo, comprometidos e destemidos seguidores da Constituição e pacificadores da sociedade. Arrematando, se a associação deve defender seus membros quando achincalhados no exercício de suas atividades, a nota deveria ter como "protegido" outra pessoa...

    ResponderExcluir