quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A TPM E O PISCA ALERTA

Com o advento desse século, que é feminino sobretudo, as revistas nos impuseram a “verdade científica” de que, primeiro, a TPM, de fato, existe, e, segundo, é algo irrefreável. Em suma, temos de aguentá-las naqueles dias que antecedem outros que nós homens também não apreciamos muito, os das regras.

À ditadura da TPM, eu a chamo assim, foi colada a ideia de que, como sempre, a mulher é vítima, que ela sofre com a tensão antes de descer o Rio Nilo.

História.

Não nego que possa existir uma alteração do ânimo da mulher antes da menstruação. Aquela sanguera toda saindo por baixo, ter de usar um socotroco no meio das pernas, com abas ou sem – eis um dos grandes dilemas da mulher moderna -, deve aporrinhar o juízo mesmo. É muito pior que ter de fazer a barba com lâmina sem fio.

O que me incomoda, é que a TPM passou a ser um salvo-conduto para o mau-humor, a implicância, falta de apetite carnal, irascividade, grosseria e todas suas variantes que somente o enigma intrínseco existencial das mulheres é capaz de criar.

É o pisca-alerta da mulher.

Em situação de emergência, para estacionar o carro em fila dupla, parar ou retornar em local proibido, transitar em velocidade incompatível, efetuar conversão inopinada à esquerda ou direita, dar ré, entrar na contramão, socorrer alguém, basta ligar o pisca-alerta que está tudo em casa. Pode-se fazer tudo isso e mais um pouco e ninguém pode ficar brabo. Se alguém for reclamar, basta dizer:

- Pô, vá se f..., eu estava com o pisca-alerta ligado.

Com a dita TPM é a mesma coisa. Basta a deusa mencionar que atravessa esse período inesquecível do mês, que nós temos de respeitar uma espécie de imunidade que ela tem certeza de ter sido agraciada. Daí por diante podem mais que tudo, pois tudo elas já podem antes da TPM. Vale xingar, brigar por razões mesmo não tendo razão alguma, fazer monólogo a pretexto de discutir a relação (a famosa DR), sentir-se e gritar aos quatro (que quatro, é muito mais alto) ventos que está sobrecarregada com os filhos, que não participamos de nada, que nada fazemos, que nada resolvemos, enfim que nada somos... Sem elas.

E não há uma luz no fim do túnel. Quando a TPM acaba, vem a menopausa.

A lembrança de que há meros sessenta anos elas não votavam, fumavam, trabalhavam, não tinham direitos e quase não reclamavam dos direitos que tinham e, principalmente, para todos os efeitos, não sabiam que existia TPM e, portanto, dela não se valiam, nos dá bem a dimensão do que o futuro nos reserva.

Que Deus nos proteja.

Nossa esperança é a Playboy. Algum cientista tem que nos beneficiar com a descoberta de um mal da testosterona, a TPTPM (tensão pré tensão pré menstrual), para equilibrar um pouco ou estamos fritos.